quarta-feira, 11 de junho de 2008

ASA DELTA

Vôo Livre...
Após quase dois anos sem voar, começo agora planejar mais alguns desafios em minha vida. Desafios que me fazem ter disciplina e administrar todos os meus objetivos pessoais, profissionais, conciliando todas as minhas vontades durante a vida.

Vida qual o vôo livre não poderia ficar fora dela.

E partir de hoje gostaria a poder dividir um pouco desta historia com todos os meus amigos e aqueles, apaixonados pelo vôo de asa delta.
O resumo da minha historia com a asa delta ate agora foi assim.
A primeira vez que vi uma asa delta no céu foi amor à primeira vista, acredito que eu tinha uns 7 anos de idade. Foi na casa de um amigo do meu pai que tinha uma casa no condomínio retiro do chalé na Serra da Moeda a 35Km de Belo Horizonte. E sempre que íamos ate lá eu não tirava os olhos do céu. Era encantador via ali os meus super-heróis.. coisa de criança.. Mais agora também posso dizer que naquele tempo os voadores eram mesmo super-heróis. Afinal muitos eram aventureiros, para chegar ate o pouso era um desafio, vi varias asas sendo retiradas de cima das arvores, achava aquilo normal. Mas aos poucos vim a entender as dificuldades que aqueles pilotos tinham para vencer aquele desafio.
Em 1994 tive um dos maiores prazeres da minha vida em um dia maravilhoso, fui ate a rampa de decolagem da serra da moeda e chegando ate lá fiquei ainda mais encantado. Tinha cerca de umas 15 asas montadas; muito colorido e um clima de pura amizade entre amigos. Naquele dia fiquei sabendo que um voador local Marcelo Rubiole fazia vôo duplo, fui ate ele para saber como agendar um vôo. ‘’ e o cara falou ‘’esta agendado e é agora que vamos... Respirei um pouco e após um ufaaaa .... falei: Vamos.
Decolamos no desnível onde o vento era predominante lado do moedinha ( nome dado a decolagem virada para a BR desnível de 180mts ). Aquele dia com certeza nunca vou esquecer.
Já na decolagem pi.pi.pi.pipipipipiipipiipippipi era a primeira térmica e fomos para 800mts acima da rampa, voamos cerca de uma hora .. só consegui falar alguma coisa quando pousamos, tive a certeza que o vôo faria parte de toda a minha vida.

Meu conselho para você que gosta do esporte e que tem duvidas se quer aprender a voar faça um vôo duplo. Poderá com este tirar todas as suas duvidas.

Depois do primeiro vôo passei a acompanhar mais de perto tudo que acontecia no meio do vôo livre. Porem alguns contratempos me fizeram dedicar a outro esporte o Windsurf. Já em 1999 tive oportunidade em trabalhar na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro e ali não teve mais jeito. Todos os dias eu passava pela manhã, e no final de tarde em frente à rampa de São Conrado, não sei como eu não batia o carro, era só sair do túnel da Rocinha ou da Barra que meu olhar era desviado para o céu. Foi quase um ano assim, em 2000 fui informado que meu contrato havia encerrado e que em um mês deveria voltar a Belo Horizonte. Não pensei muito procurei a escolinha da Barra Funda e ali comecei no primeiro dia minhas primeiras corridas no plano. Ricardinho e Cláudio eram meus professores. Sem esquecer do ZEN, somente com a ajuda dele pude em 15 aulas fazer meu primeiro vôo em São Conrado. Fechei um acordo com o ZEN, e ele me acompanhava de 7hs da manhã ate as 18hs dava para fazer mais de 30 decolagem por dia 5, 10, 15. 20, 25, e 30 mts em 10 aulas eu já estava lá no topo do desnível da rampa da escolinha.



Para ir para o morrote de 100mts era só questão de um pouco mais de concentração e dedicação. . Fui um cara de muita sorte, nas 3 próximas aulas não poderia ser melhor. Brisa suave de frente condições idéias para os primeiros morrote. E la fui eu ... pro primeiro morrote cheguei na escolinha as 7hs e Cláudio já veio me dizendo coloca a ATLAS em cima do carro e vamos voar de verdade... E...a barriga doeu..... após cair na realidade já sabia que iria novamente sentir a sensação como a do primeiro duplo e iria voar mesmo de verdade.
E agora dependia apenas de mim, colocar todos os esforços, dedicação e aprendizado repassado por meus instrutores a prova. Fiz tudo consciente e já no primeiro vôo do dia, só alegria decolagem perfeita e pouso na estradinha. Ainda neste dia mais duas decolagens. Nas duas aulas seguintes somei mais 5 decolagens do morrote onde experimentei um pouso no charque foi dureza afundei ate o peito .......mais uma vez estava lá o guerreiro ZEN e assim saí daquele brejo. Um tênis a menos mas com um alegria enorme.. que quem tem o privilegio de voar sabe muito bem o que estou dizendo, principalmente se tratando dos primeiros vôos .
Na décima - quinta aula dia 15/06/2000, o Ricardinho agendou comigo para estar na rampa a 6:30, mas agora em São Conrado, por incrível que pareça 15/06 era a data de meu aniversario...que presente!!!! Na noite da véspera eu fui durante a noite ate a rampa e foi um momento único, agradeci por tudo em um momento de puro silencio, o céu estava estrelado e a visão da rampa era encantadora. Brindei ali com a brisa, o céu, as estrela, ao mar o ar, as árvores aquele momento tão esperado. Saberia que na manhã seguinte o sol estaria ali, pediria licença as estrelas para brilhar ainda mais, e junto com todos os demais amigos que brindei e que estariam ali comigo para realização de um sonho, um conquista permitida pela vida.

Por volta das 7hs minha asa estava montada recebi mais algumas orientações e agora estava eu comigo... Um silencio .... sentia meu coração batendo e a leve brisa me confortava.... meus pés saíram do chão meu corpo levitava, sentia que estava sendo guiado por uma força inexplicável.
Voei direto para a praia meu limite era lá. Chequei muito alto lembro que tive que fazer umas 10 curvas para fazer a aproximação. Desconcentrei-me um pouco e não atentei em preocupar com a minha amiga brisa que sempre esteve comigo e não olhei a biruta, quando pude perceber quase não deu para fazer a ultima curva, só me lembro de passar com a borda da minha asa raspando entre um quiosque e uma bitura.Tentei corrigir a falta de atenção, quando vi que a biruta estava contra e eu estava indo para o pouso de cauda...... pousei de cara na areia de frente para o mar.
Que susto!!!!
Tive a primeira barra amassada. Ali naquele momento aprendi mais uma lição dada por um cara diferente e que não tinha pinta de voador ``engano meu em julgar as pessoas sem conhecer seu interior ’’. Ele veio me deu um tapinha nas minhas costas pegou minha asa levou para o calçadão e conversando, desamassou as barras do trapézio me informou quanto ao pouso, me alertou de todos os erros cometidos. E me fortaleceu a teoria que no pouso e na decolagem precisamos ter total concentração. Mas não muito diferente durante o vôo. ( Valeu Alpine )
Me lembro de ter feito mais 4 decolagens e agora com maior atenção ao vôo e aos tópicos apontados.

Meu começo na asa foi mais ou menos assim

Tudo foi muito rápido porém em momento algum forcei a barra para quebrar o processo de evolução. Que ainda nem começou.
E após ter ficado um grande período sem voar, agora retorno para gradualmente tentar conseguir, voando livre conseguir almejar outros objetivos que estarei dividindo com meus amigos.
Agora é só questão de alguns dias,,,,,, e vamos voar...

Um comentário:

José Augusto disse...

Fala André! tenho pensado muito em voltar para asa (se é que eu posso dizer que já estive lá) até mesmo andei estudando algumas opções para comprar. Lendo seus relatos me dá mais força ainda. De parapa até que eu tenho voado de leve, sempre que sobra um tempinho pois agora eu tenho dois filhos um de 2 anos e 2 meses e outro de 9 meses. Grande abraço José Augusto - Serra da Moeda.